UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Faculdade de Artes Visuais
Marília Silva Martins Gidrão
Moldagens,
mixagens e fotografias como arte.
Professor
Orientador: Anahy Jorge
goiânia
2013
GIDRÃO, Marília. Impressão corporal:
Moldagens, mixagens e fotografias como arte, Goiânia, FAV, 2013, 30p.
(Monografia.
Apresentada ao Curso de Graduação em Artes Plásticas da Faculdade de Artes
Visuais da Universidade Federal de Goiás)
Palavra-
Chave: Moldagem, Fotografia, Mixagens- Moldagem como Arte- Fotografia como
Arte- Mixagens como Arte.
|
Marília Silva Martins Gidrão
IMPRESSÃO
CORPORAL:
MOLDAGEM,
MIXAGEM E FOTOGRAFIA COMO ARTE
Monografia
de Conclusão do Curso apresentada à Faculdade de Arte Visuais para obtenção do
título de graduação em Bacharelado em Artes Plásticas, sob a orientação
da Profa. Anahy Jorge.
Goiânia
2013
MARÍLIA SILVA MARTINS GIDRÃO
Impressão
corporal:
Moldagens,
mixagens e fotografias como arte.
Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado e aprovada em 12 de dezembro de 2013, pela Banca Examinadora
constituída pelos professores.
Ma. Anahy Jorge
Presidente da Banca
Ma. Selma Parreira
Membro Interno
Ma. Eliane Chaud
Membro Interno
Dedicação
aos:
Pedreiros
da construção civil do Campus II/UFG.
Agradecimentos
A
Luana Carvalho, pela disponibilidade.
A
Anahy Jorge pela orientação e inspiração.
Professor
Rubens pela ajuda com a construção das obras.
RESUMO
Esta pesquisa, teórico prática, visa analisar o desenvolvimento de um
conjunto de quatro obras escultóricas, Mãos em Ação, A obra, O Gesto
e O peso. Durante o processo artístico focalizamos a presença e importância do processo artístico realizado: do procedimento
da moldagem em gesso, da mixagem de objetos de construção coletados, da
fotografia junto aos trabalhadores do Campus II. Metodologicamente, a pesquisa
utiliza dos estudos oriundos da Poïética, que estuda e acompanha o valor das experiências de erros e de acertos realizados no transcorrer
da realização da obra. Nesse processo, vou estudar as
obras de alguns artistas como Antony Gormley, Christian Boltanky, George Segal,
utilizando-as como referência artística para minhas obras.
APRESENTAÇÃO
O assunto que me motiva a trabalhar na
escultura é a representação do corpo com precisão através da moldagem. Escolhi
a escultura por ser tridimensional, próxima da realidade,
e pela liberdade de expressão que essa linguagem me proporciona. Ou seja,
representar as formas que não consigo
junto a outras linguagens de expressão. Considero que ela é mais próxima da realidade, permitindo-me trazer os
vestígios dos corpos moldados para a obra.
O caminho metodológico escolhido, foi a ciência
Poïetica. Estudo metodológico muito presente na minha pesquisa teórica e prática, e que muito me ajudou, pois é um campo que se
preocupa com o processo de criação de uma obra. Nesses estudos, os erros e
acertos fazem parte do desenvolvimento dos trabalhos realizados. Sandra Rey no livro “Por uma abordagem Metodológica de pesquisa em arte”. Discute sobre
essa forma metodológica como forma de pesquisa em arte focalizando o processo. O processo artístico
foi muito importante, pois a parte poética foi aparecendo a medida que
desenvolvia a obra.
Em
relação ao procedimento da moldagem,
Didi Huberman, fala da relação do desenvolvimento do trabalho, que tem
erros e acertos, assim co mo desenvolvo o processo artístico no processo de
construção das obras.
A forma estética que defendo em
minhas obras é citada por Cristina Costa e Viviane Matesco. Costa
relaciona a questão do belo, com a
percepção e o fazer do artista que tem como objetivo fazer arte com um motivo
além da estética. E Viviane Matesco explicita, que a sociedade se interessa pela arte, com o
objetivo de obter prazer, o status que a compra em algum item mercadológico dá,
é diferente do que se sente ao observar uma obra de arte moderna, em que o
primeiro tem o objetivo de agradar e o segundo, tem o objetivo de mostrar com
realidade, uma mistura de emoções dentre os quais o sofrimento.
Sendo assim, esta pesquisa mostrará em meu
processo artístico, o cotidiano de trabalhadores.
Divido os conteúdos em duas partes, a
primeira explica como o direcionamento do tema foi feito para o desenvolvimento
prático, e a segunda é o desdobramento da obra se fazendo durante o processo
artístico. Nesse percurso apresento obras de três artistas que me ajudaram nas
análises junto com as obras realizadas por mim. Espero que esse estudo possa
ser útil para os estudantes e artistas que trabalham de forma semelhante ao meu
percurso artístico.
SUMÁRIO
1° Capitulo................................................................................................................... 03
1.1 AS OBRAS............................................................................................................. 03
1.1.1 Mãos em ação............................................................................................. 03
1.1.2 Mãos em Ação:................................................................................................. 04
1.1.3 A obra................................................................................................................ 05
1.2 O Gesto................................................................................................................... 06
1.3 O Peso.................................................................................................................... 07
2°Capitulo.................................................................................................................... 08
2.1 Metodologia: A poïética e o fazer
artístico......................................................... 08
3° Capitulo................................................................................................................... 11
3.1 O Gesso e a Moldagem........................................................................................ 11
4°Capitulo.................................................................................................................... 14
4.1 Fotografia e Mixagem........................................................................................... 14
5° Capítulo................................................................................................................... 16
5.1 Registros EGISTROS........................................................................................... 16
6° capítulo................................................................................................................... 21
6.1 Referência Artística.............................................................................................. 21
CONCLUSÃO.................................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 27
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa envolve os desdobramentos da escultura, com o
procedimento da moldagem em gesso, e da documentação fotográfica junto aos
trabalhadores dos arredores do Campus Il. Durante o processo artístico, estarei
moldando partes dos corpos dos operários e coletando objetos que fizeram parte
do trabalho realizado por eles. Esses elementos serão agregados a blocos de
concreto e também blocos de gesso, marcando e registrando com mais detalhes a
expressão do corpo ali moldado.
Meu interesse, no tema dos trabalhadores, que representa o
trabalho braçal humano, realizado repetidamente e esquecido, surge da
observação cotidiana da vida. Dessa forma, a partir deste tema desenvolvi uma
série de trabalhos tridimensionais, conjunto de esculturas, apropriando-me da
realidade do trabalho braçal na sociedade atual. A existência de um corpo que
exerce uma ação e que marca como forma de registro em moldagem em gesso e na
fotografia.
Nessa pesquisa,
analiso obras de três artistas contemporâneos. Um dos artistas que me influenciou
neste trabalho foi Antony Gormley (London, England, UK 30/08/1950). Um
artista inglês que fez trabalhos em que o corpo é discutido em suas várias
formas e a existência de cada organismo está em sua forma sendo em conjunto ou
sendo isolada dos outros elementos orgânicos. Fez formas de corpos com vários
materiais orgânicos e inorgânicos. Um de seus trabalhos é intitulada Snowfall, em que o processo da impressão do corpo é feito na areia, e
relaciono esta forma da impressão do corpo com minha obra Mãos em ação.
Outro artista que me influenciou pelo procedimento da
moldagem, a relação da marca do corpo pela forma foi George Segal (Nova
York, 26/11/1924 - Nova Jersey, 09/06/2000). Um artista que molda figuras
fantasmagóricas a partir de corpos de pessoas comuns e poses e situações
corriqueiras como ruas e praças. Em suas obras são construídos cenários a
partir de corpos feitos de gesso, como se fossem pessoas. O ar fantasmagórico
emerge com a cor branca do gesso.
Este ar fantasmagórico de
Segal é muito visível em meu trabalho A Obra, em que blocos de gesso,
representam os trabalhadores que exercem o trabalho braçal, por meio da
impressão da mão de cada um dos trabalhadores no bloco de gesso.
Outro artista escolhido, que possui algumas similitudes com o
meu processo artístico é Christian Boltanski (Nova York, 26/11/1924 -
Nova Jersey, 09/06/2000): tem
a mesma forma de coleta com materiais; expõe a forma como cada material. É uma
artista que sugere lugares para se lembrar de situações tristes como a morte
dos judeus. A obra que desenvolvi intitulada O Gesto, lida com esta forma de apresentação de memória, que Christian
Boltanski desenvolve em sua obra intitulada “Personnes”.
Vik Muniz também é citado como referência para minhas obras
de mixagem e fotografia.
Nesse Trabalho de Conclusão de Curso foram realizadas três
obras tridimensionais: A Obra, O gesto, O Peso. E uma obra
bidimensional, que é o registro fotográfico “Mãos em Ação”.
O presente projeto
foi elaborado e dividido em seis partes como:
O primeiro Capítulo
apresenta o processo artístico das obras realizadas, em que o desenvolvimento da obra é apresentado.
O segundo Capítulo apresenta a metodologia, ou seja, a poïética e o fazer artístico. O terceiro capítulo focaliza o
processo de moldagem e a referências poéticas desenvolvidas no processo de
produção artística. O quarto capítulo,
Fotografia e Mixagem, mostra
como o processo de registro fotográfico é apresentado e cita o autor e o
artista usados como referência. O quinto capítulo, Registros – mostra as imagens de cada obra apresentada e produzida
ao longo da produção do trabalho de conclusão de curso. O sexto capítulo,
Referências artísticas, mostra as imagens que são citadas de cada
artista, apresentadas como referência para minha produção artística.
1° Capitulo
1.1 AS OBRAS
1.1.1 Mãos em
ação.
Para
mencionar as obras preciso primeiramente falar da obra inicial intitulada Espelhando o oculto. Trata-se,
inicialmente, do meu próprio pé moldado em gesso, o trabalho em escultura que
me fez começar a desenvolver a técnica de moldagem com gesso. Inspirou-me a
começar a fazer outros a partir da mesma metodologia em que a pesquisa está
encaminhando, junto com o ato de criar a obra. A partir da moldagem do meu
próprio corpo, que começou por esta obra, observei que a expressão do corpo
humano tem é muito sublime, com muitos detalhes que não deixa passar
despercebido. Ex: digitais, cores, texturas e expressões que contam uma
história por trás de cada traço.
A
parte material da obra possui duas caixas de madeira, a moldagem de meu pé e
por vários pregos. Tais elementos, como, o pé e os pregos constituem da
representação de um corpo por meio de espelhos que refletem a imagem no
interior da caixa. Nesse trabalho tenho o propósito de refletir realmente a imagem
de um pé ferido por pregos. O todo possui uma tentativa de colocar em prática o
que a alma sente.
Tento
simbolizar através de uma caixa e grades, a janela da alma. Coloquei uma caixa
por cima da caixa espelhada, para dificultar assim a visão da imagem do objeto
que estava no interior da caixa.
O
processo de criação segue uma proposta de exercício para a matéria do
tridimensional no 6° período do curso de Artes Plásticas. Pensei primeiramente
em qual parte do corpo trabalhar. Escolhi o pé para ser representado na forma
material, mas com um sentido espiritual. O pé que muitas vezes significa o
suporte, algo que sempre esta na base. Um porto seguro do corpo que segura todo
o peso e nos faz locomover. Após o pé moldado em gesso preguei pregos na parte
inferior do pé onde se localiza a sola e assim concluindo o objeto com tinta
acrílica. Comprei uma caixa de madeira e coloquei espelhos nas partes internas
da caixa. E após esta execução coloquei dentro desta caixa espelhada a cópia de
meu pé cheio de pregos e coberto com a tinta acrílica vermelha. (Imagem-01)
A
partir da obra Espelhando o Oculto, meu interesse em escultura se fez mais
concreto. O contato direto com o material me fez descobrir que ao trabalhar com
escultura conseguia expressar melhor minhas ideias. Dessa forma, as minhas
ideias se libertam e assim consegui melhorar a produção. O desenrolar de minha
pesquisa a partir desta obra me levou a querer trabalhar com o corpo em suas
formas e gestos, me levando a encontrar o objeto de estudo que fala do gesto
corporal na moldagem e na mixagem de materiais.
Antony Gormley realiza isso na sua obra intitulada Snowfall, que explicita as formas
do corpo. E a relação do meu trabalho com a arte de Gormley, está na forma de representação do corpo, como ser existencial,
pois o molde ao adquirir tal forma, passa a exercer o mesmo papel que o corpo
moldado exerce. Agora, esse corpo que não está presente e que, ao mesmo tempo,
existe por meio da forma vazia.
1.1.2
Mãos em Ação:
A
primeira obra a ser produzida intitula-se: Mãos em Ação, trabalho em que busco representar a
expressão e o sentimento pela moldagem das mãos dos trabalhadores. O processo
de criação da referida obra inclui novamente o procedimento da moldagem em
gesso. Durante o processo da construção desta obra, realizamos também o
registro da fotografia. A fotografia vai ter como objetivo a captação do exato
momento em que tiro as moldagens das mãos dos trabalhadores. A ideia de
procurar por pessoas que atuam no trabalho braçal, veio por meio de um questionamento
sobre o que procuro na realidade representar como arte.
Assim,
o registro fotográfico me impulsionou a representação do trabalho braçal,
observar as pessoas que fazem parte deste meio de trabalho. E como estas
pessoas se expunham muito tempo exercendo funções que exige muito esforço
físico, ficavam com marcas do tempo bem expressivas. Essa observação me fez
lembrar que mesmo com tanta tecnologia e maquinário, nós precisamos
especialmente das mãos. Sem as mãos do homem não é possível executar o serviço,
mesmo para
manusear a maquinaria. Assim, as marcas, das mãos destes trabalhadores,
registradas pela fotografia, mostram que com o tempo, as marcas do trabalho
exercido no Sol, com manuseio de ferramentas pesadas ficam expressivas e bem perceptíveis. (Imagem-02)
1.1.3
A obra
A segunda obra a ser estudada é um trabalho intitulado “A obra”. Nela apresento na forma do tridimensional o molde pronto e o que
ficou após o ato exercido pelas mãos. Para explicitar, como cada elemento
precisa um do outro: como o homem precisa das mãos para o trabalho, e o
trabalho precisa das mãos do homem para ser executado.
O titulo se inspira na forma como os tijolos são utilizados
para construir muros. Nesse processo, as mãos são imprescindíveis é preciso da
mão de cada trabalhador para a execução da obra. Novamente, vamos analisar a
obra de George Segal e sua
semelhanças com A Obra, em que o corpo é representado nas várias formas
como impressão e construção da forma. É um artista que representa a realidade
de forma com que algo mais está presente e transpassa para o público a sensação
fantasmagórica na existência do ser humano em meio de uma sociedade
contemporânea. Em meu trabalho, represento o gesto e a ação de um ser que
esteve presente deixando sua marca no ato da impressão do molde.
Quando comecei a desenvolver o processo de criação dessa
obra, tentei registrar com o processo de moldagem, a utilização de outros
elementos como os materiais usados na hora de começar o trabalho, tais como:
tijolos.
Construí então, um muro de tijolos e inseri entre eles blocos
de gesso, que contém o molde das mãos destes trabalhadores braçais, ou seja, o
vazio da impressão. Dando assim a ele uma nova significação, falando
metaforicamente das histórias destes trabalhadores, a partir do inacabado, dos vestígios das mãos, do vazio que está presente e deixando o processo
de cada impressão.
Então com estes moldes
fiz blocos de gesso com as mesmas espessuras que o tijolo de concreto. E nestes
blocos, anexei os moldes de forma com que fizesse parte mesmo deste corpo. O
intuito deste trabalho artístico é de apresentar o corpo de um trabalhador com
a apresentação dos elementos de trabalho.
(Imagem-03)
1.2
O Gesto
O Gesto, foi um
trabalho que surgiu após o ato de observação na hora em que um pedreiro estava
preparando a argamassa. A posição em que ele posicionou a enxada para poder
misturar o concreto na areia e na água. Fez-me pensar neste gesto estático. De
forma que, quando alguém observasse este objeto anexado no gesso, percebesse
que está parado antes do fim de um processo, assim dando a impressão de que o
trabalho está em desenvolvimento. Esta obra foi nomeada com o título O
gesto, pois está representando o último gesto que um trabalhador de
obra executa ao preparar a argamassa. Posso dizer que, assim como, Christian Boltanski, na obra Personnes (2010), usa as roupas das pessoas falecidas em campos de
concentração, para simular a mesma forma como seus corpos ficaram expostos. Ao
colocar a enxada, em uma posição de ação, estou retratando a ação do trabalho
braçal, pois na rotina de trabalho os gestos repetitivos, são narrados apenas
quando a enxada é anexada ao gesso, na mesma posição, em que a enxada é usada
para fazer a argamassa.
Durante o processo de criação dessa obra, eu procurei nas
áreas de construção, ferramentas usadas e velhas. Ganhei do mestre de obras a
enxada, e levei para o atelier. No segundo dia, comprei o gesso que utilizaria
na mixagem da ferramenta para apresentá-la como escultura. Pois o gesso em meu
trabalho acabou sendo um suporte de mixagem, com a capacidade de aderir várias
formas, e se anexar em objetos após secar. A posição em que é colocada a
enxada, com relação ao gesso, é a mesma que os trabalhadores de construção
civil usam para poder ter um cimento no ponto, e assim utilizá-lo para anexar
aos tijolos e transformar os tijolos em muros. As ferramentas que utilizo, são
as mesmas que estes funcionários da construção civil utilizam em seu dia-a-dia
de trabalho.
Após a reprodução do molde, o processo coleta e mixagem começam
a aparecer em minha produção de arte. Registrei também com a fotografia, ações
destes trabalhos braçais. (Imagem-04)
1.3
O Peso
O último trabalho que foi realizado é intitulado O Peso, é um trabalho feito com dois
baldes utilizados na construção de um prédio. Estes baldes são apresentados na
obra como peso, pois os trabalhadores carregam estes baldes com cimento e água
para cada quarto do prédio. Estes baldes estão sujos e enferrujados, com a
marca do trabalho exercido pelos trabalhadores da obra.
Durante o processo de criação, fui até uma das áreas em que
estava tendo a construção de um prédio e pedi para o mestre de obras dois
baldes usados, e muito utilizados.
No segundo dia após a coleta, levei os baldes coletados para
o atelier de escultura da FAV e anexei os baldes a uma corda, e enchi um dos
baldes com cimento. As marcas de uso aparecem com as marcas de ferrugem e a
sujeira do material usado na construção, sem nenhum conteúdo em seu interior. O
outro balde que foi coletado é apresentado como suporte, em que o cimento em
seu interior apresenta-se como o próprio material.
Assim, estes pesos que são puxados pela corda, estão também
simbolizando a rotina pesada e continua que estes indivíduos encaram
diariamente, no dia a dia de trabalho. ( Imagem-05)
2°Capitulo
2.1 Metodologia: A poïética e o fazer artístico
Eu focalizo o processo artístico utilizando a ciência da
Poïética, um processo de estudo da prática artística via seu desenvolvimento,
focalizando o fazer, envolvendo a obra até a sua finalização. Vou utilizar os
estudos sobre essa metodologia desenvolvidos e estudados por Sandra Rey em
seu livro “Por uma abordagem Metodológica de pesquisa em artes”.
Focalizar a prática do fazer arte é uma forma de estudo que
dá sentido a obra de arte finalizada. Esse estudo deixa de focalizar a forma de
expressão na escultura acabada, e fica ligado ao seu fazer, no seu
desenvolvimento. Esse desenvolvimento pode ser importante para focalizar o
desdobramento da obra de arte, os acasos, as mudanças, as escolhas sobre os
materiais e procedimentos escolhidos. Muitas vezes isso não aparece na obra
finalizada.
Assim, entendemos poïética tal como Sandra Rey explica
em seu texto livro.
“A
pesquisa em poïética visuais apoia-se no conjunto de estudos que abordam a obra
do ponto de vista de sua instauração, no modo de existência da obra se fazendo.
O objeto da Poïética, como mencionamos anteriormente, não se constitui pelo
conjunto de efeitos de uma obra percebida, não é a obra acabada, nem a obra por
fazer: é a obra se fazendo. (2008,Página 07. Por uma abordagem metodológica
de pesquisa em artes” ) .
Como por exemplo, como mencionamos anteriormente, o
desenvolvimento do trabalho Espelhando o
Oculto coloca em prática o que a alma sente. Tais elementos, como, o pé e
os pregos constituem da representação de um corpo por meio de espelhos que
refletem a imagem no interior da caixa. Esta experimentação com a mixagem de
materiais e o gesso é muito importante no meu desenvolvimento artístico. Até
mesmo porque a partir desta experimentação com o gesso na moldagem e a mixagem
de materiais me inspirou para o desenvolvimento de outras obras, dialogando
entre si com uma realidade. Tento apresentar situações com objetos, gesso e
fotografias.
No livro Questões de Arte: O belo, a percepção estética e
o fazer artístico, a autora Cristina Costa dialoga sobre autores na
definição de formas estéticas e valorizadas na arte moderna e contemporânea. A
realidade econômica de cada época fez com que a sociedade começasse a refletir
mais sobre os acontecimentos e ideais da sociedade com arte, em processos de
representações de pensamentos questionamentos até mesmo contradizendo os
valores estéticos defendidos no inicio da história da arte. Este diálogo que Cristina
Costa ressalva, tem muito em haver com meu desenvolvimento com as obras de
arte, pois não estou dando valores estéticos para a realidade já existente, e
sim mostrando como é esta realidade sem esconder defeitos e marcas do tempo. A
obra, Mãos em Ação, que se desdobra com A Obra, começa a dialogar
com instrumentos de trabalho, na obra O Gesto sem fugir o tema Trabalho
braçal, quando se é exposto de forma prática como as mesmas ferramentas que são
utilizadas no cotidiano. Os valores estéticos ali colocados em cada obra, voltados
para a própria realidade apresentada e representada.
Até mesmo, quando a
interpretação da imagem é feita de forma diferente ao próprio produtor da
imagem, não é descartada a partir da hora em que esta obra é exposta para o
mundo. Pois, a partir da hora em que a obra é exposta ela não pertence mais a
seu criador, ou seja, o artista e passa a pertencer ao mundo.
O livro, Corpo imagem e representação da autora Viviane
Matesco; Ajudou bastante, para o embasamento teórico e pratico de meu
trabalho. Além do mais, com a citação da obra do artista Tunga Vê- nus, me
ajudou o bastante para entender o sentido da representação e da apresentação de
um trabalho artístico. Em Corpo, imagem e representação.
‟As
artes plásticas são artes do espaço e representam os corpos com suas qualidades
visíveis, só imitando ações por intermédio dos corpos.” (p,34)
A autora relaciona as formas de representação do corpo nas
artes plásticas e na poesia do corpo, em suas qualidades visíveis. Diz que, as
artes plásticas, são as artes do espaço, que representa o corpo pela imitação,
e a poesia, é a arte do tempo, e só apresenta o corpo por meio da ação.
Assim
como, minha pesquisa sobre a fotografia, moldagem e mixagem em
gesso, me auxilia na
forma de expor, e como a realidade não se exclui da Arte propriamente dita. A
forma que encontrei em destacar o meu ponto de vista entre arte e
realidade foi por meio do tema Trabalho Braçal, que é narrado com
obras tridimensionais e
bidimensionais. Como, por exemplo, quando faço mixagens de instrumentos do
trabalho braçal no gesso e apresento este instrumento como obra de arte. Estou
dando outra função estética para tal objeto apresentando através do
tridimensional uma realidade criada durante o processo de criação.
3°
Capitulo
3.1 O Gesso e a Moldagem
O
gesso está sendo apresentado como suporte de registro em meu trabalho. Em cada
obra produzida que coloco o gesso, como forma de moldar e de apresentar o
objeto de estudo, junto com os vestígios do trabalho braçal. Este material na
moldagem grava e marca os traços das digitais, e as formas do corpo, de cada
trabalhador. Assim, o gesso começa a ser apresentado como o próprio corpo do
trabalhador, na hora em que o molde do corpo é concluído. Esse material é muito
antigo, tem a propriedade de se dissolver na água, quando transformado em pó
branco, que endurece rapidamente. Seca em pouco tempo, adquirindo forma do
molde, transformando-se em objeto.
Em
meu trabalho plástico, minhas obras são feitas sempre com a utilização do
Gesso. O trabalho de molde em gesso muitas vezes aparecem no processo de
construção das obras.
Um
artista que utiliza do processo de moldagem em gesso semelhante ao trabalho meu
é George Segal, que traz a questão do fantasmagórico com relação ao
cotidiano, o homem se apaga diante dessa produção dos objetos. O processo
realizado pelo artista molda corpos humanos em sua totalidade, com bandagens em
gesso, criando uma capa, que recobre toda a superfície do indivíduo e depois é
retirada também em sua totalidade. E em meu trabalho trato a questão da marca
do corpo no gesso, como ato, ou seja, a ação que acontece e fica marcada. E
também como o gesso tem capacidade de agregar objetos e suas formas. O gesso é
um material frágil e que quando agrego a um instrumento de trabalho como a
enxada, começa a ter valores contraditórios aos que já vem ganhando. O gesso
começa a ter mais valores estéticos quando agrega a cor branca, quando recebe
outros objetos, formando um objeto único.
As
obras que utilizo o gesso para produzir arte são, Espelhando o Oculto, Mãos em
ação, A Obra e O Gesto. Cada obra o gesso é utilizado de uma forma única,
em Espelhando
o Oculto utilizo o gesso para moldar e tirar o molde do objeto. Na obra
Mãos
em ação utilizo o gesso para apresentar o processo da moldagem. Já em A
Obra o molde em gesso é apresentado como objeto de arte, e em O
Gesto o gesso é utilizado apenas para anexar o instrumento de trabalho
“ enxada” a uma posição .
Em
meus trabalhos plásticos, a força exercida por cada mão, e as marcas que
cada gesto, deixa sua marca durante a construção, agregando com o tempo algo
sobre o gesso.
Quando
faço o registro da moldagem com a fotografia, como na obra Mãos em Ação, estou
registrando uma ação, e levando esta ação para o tempo de contemplação do
observador. O molde em si, como objeto retrata o corpo com tais detalhes, que
quando é exposto isoladamente, o corpo que foi impresso, ainda continua
presente com sua marca e traços.
A
moldagem em si, é um processo que faz parte dos métodos mais tradicionais na
produção de esculturas, tais como: moldagem, entalhe e modelagem. Esse procedimento
constitui da moldagem de várias peças em torno do objeto com o intuito de
reproduzir posteriormente em outro material.
George
Didi-Huberman no livro “A
semelhança por contato”, diz da seguinte forma para explicar a moldagem na
“Pegada como Gesto”.
“Uma
conotação frequente da impressão, pela diferença com o traço, talvez, mais será
preciso retornar ao durável. Qual que seja, a impressão supõe um suporte ou
substrato, um gesto que o espera (em geral um gesto de pressão, ao menos um
contato), e um resultado mecânico que é uma falta, rebo-relevo ou em
relevo.”(2008, pg 27).
Neste
trecho Didi- Huberman, fala como o ato gestual na moldagem e o processo
em que esta moldagem passa por erros e acertos fazem parte de uma mesma
história e é tão importante quanto o próprio molde realizado. Nesse mesmo
trecho a moldagem pressupõe um substrato e uma falta de algo que não está lá
mais, não está mais presente.
Assim
como em meu trabalho a definição de impressão como gesto de Didi-Huberman fala
que o processo o desenvolvimento da obra corre risco de erros e acertos e que
estes erros e acertos fazem parte da obra.
Uma
das obras que pode ser citada, como exemplo principal para a representação
desta ação por meio do processo da impressão do gesso é, “A Obra”. Nesse trabalho, o processo da moldagem é
apresentado de uma forma que cada elemento faça parte de um mesmo objeto. Pois
quando o molde das mãos é anexado aos blocos de gesso cada indivíduo começa a
fazer parte deste trabalho de forma direta. Pois uma parte do corpo do
trabalhador ficou impressa, como elemento que o representa.
4°Capitulo
4.1 Fotografia e Mixagem
A
fotografia no trabalho Mãos em ação, é relacionado
com o ato (ação). A fotografia torna-se registro de uma ação, no caso a
moldagem. Aqui, duas formas de registro estão sendo apresentadas, em uma obra
de arte, a fotografia e a moldagem.
Vicente
José de Oliveira Muniz (São Paulo, 20 de dezembro de 1961) mais conhecido como Vik Muniz, é um artista plástico brasileiro reconhecido em Nova York, faz obras fotográficas com materiais recicláveis e alimentos, produziu
réplicas de obras de arte, e pesquisa o tema da imagem antes de começar a
procurar os elementos para construí-la. Por exemplo, elementos que tenha haver
com o tema da imagem. A obra (Lixo) que rendeu um documentário e
tem elementos de sucatas, e a relação em que ele coloca a imagem projetada com
matérias, é que a mesma com que as pessoas que convivem com no meio desta
sucata é representada na imagem, Assim como apresento na minha obra (Mãos
em ação), em que registro do processo de moldagem em gesso, com as mãos
dos trabalhadores que exercem o trabalho braçal.
A fotografia, em meu trabalho, é construída de acordo com o
processo da moldagem em gesso. A fotografia registra a ação no momento em que o
molde é retirado da mão de cada um dos pedreiros voluntários.
A relação temporal da ação registrada é muito clara, a partir
da hora em que o resultado da impressão no gesso é narrado com fotografias.
Aquela ação que se imortaliza com o registro da imagem além de sua impressão no
molde de gesso, leva o processo artístico para uma dimensão processual.
Fhilippe Dubois, no livro O Ato Fotográfico explicita suas ideias com esta relação temporal.
Dubois relaciona esta temporalidade com o fato da fotografia em relação ao
tempo registro e o de revelação em que a imagem captada é apresentada como um
presente que já aconteceu uma apresentação atrasada. No meu trabalho
fotográfico, apresento o processo de fotografia como registro de uma ação, e
como a forma de representação desta ação. Pois o que a fotografia mostra no
trabalho Mãos em ação é o processo e não a obra concluída.
Qualquer foto só nos mostra por princípio o passado, seja
este mais próximo ou distante. E essa distância temporal, que torna a
fotografia uma representação sempre atrasada, adiada, em que qualquer
simultaneidade entre o objeto e sua imagem não é possível (esta será uma das
grandes diferenças das mídias eletrônicas: vídeo e circuito fechado de
televisão autorizam o direto, o feedback imediato, o autocontrole escópico
naquele momento), essa distância temporal corresponde ao processo técnico da
revelação, que é necessariamente inscrito na duração, com suas fases sucessivas
obrigatórias, indo da imagem latente à imagem revelada e depois à imagem
fixada.(pg,89)
5°
Capítulo
5.1
Registros
(Imagem-
01) Título Espelhando o Oculto
( Fotografia- Marília Gidrão 2012)
(Imagem-02) Título- Mãos em ação
(Fotografia- Luana Carvalho;2013)
(Imagem-03 ) Título- A obra
(Fotografia- Marília Gidrão; 2013)
(Imagem-04) Título- O Gesto
( Fotografia- Marília Gidrão; 2013)
(Imagem-05) O peso
( Fotografia- Marília Gidrão; 2013)
6° capítulo
6.1
Referência Artística
As obras
relacionadas com meu desenvolvimento de trabalho prático são as apresentadas a
baixo.
Antony Gormely- Obra; Snowfall
George Segal- Obra- Esculturas em gesso
Vik Muniz- Obra: Lixo (2010)
CONCLUSÃO
A
partir do percurso dos últimos seis meses, eu relacionei meu trabalho pessoal
com autores e artistas, que antecedem a mesma forma de pesquisa em arte, e
consegui obter resultados processuais podendo perceber, o quanto que, por mais
parecido meu trabalho poderia ser de outro artista, ele seria único, pois está
sendo feito por outra pessoa com outra realidade outro ponto de vista. Aprendi
muito trabalhando com o gesso, a moldagem, a fotografia e a mixagem. Tais
procedimentos e materiais me trouxeram outra forma de olhar sobre a tal
representação artística. Com isto aprendi que não importa a forma de fazer arte
e sim como e o que eu quero apresentar por meio de instrumentos e processos que
reproduzem a realidade tal como ela é sem precisar me preocupar se é o
tridimensional ou o bidimensional, é a minha linguagem artística.
Os
trabalhos desenvolvidos através da moldagem e mixagem em gesso formam um
conjunto de obras que analisei durante o processo artístico, ou seja, durante o
fazer da obra. Que a autora Sandra Rey menciona como o desenvolvimento da obra
e a relação desse desenvolvimento tem com o tema. Nesse contexto, a utilização
da ciência chamada poïética foi muito importante. Segundo Sandra Rey, ela é um
processo metodológico de construção da obra que focaliza o que emerge durante o
fazer, o acaso, os erros e os acertos. As documentações fotográficas muito me
ajudaram nesse sentido.
A
pesquisa realizada sobre os quatro artistas, Antony Gormley, George Segal,
Christian Boltandky e Vik Muniz muito me ajudou a compreender o meu
desenvolvimento de meus trabalhos plásticos, pois os trabalhos que cada artista
realizou com outra forma de olhar a
realidade tendo apenas como ponto referencial, a forma de construção artística,
sendo ela a técnica.
Os quatro trabalhos desenvolvidos a partir da
minha primeira experiência de moldagem em gesso, foram linearmente
desenvolvidos, usados para representar ações gestuais do corpo humano,
utilizados no trabalho braçal. E, artistas foram escolhidos por quê fazem
trabalhos, com técnicas como a representação do corpo na moldagem e na
fotografia, enfocando as similitudes dos elementos e dos procedimentos
escolhidos, na mesma medida em que o trabalho se desdobrava.
Autores
que discutem o processo e o desenvolvimento na construção da pesquisa em arte
são citados na pesquisa que venho
conduzindo no decorrer da construção da obra. Como tais autores conhecidos como
– Didi Huberman, Cristina Costa e Verlaine Freitas. E também como já havia
mencionado acima, Sandra Rey.
A
realização destes trabalhos foi muito importante para a minha construção de
ideia do fazer arte. O auxilio que tive durante o processo pela minha
orientadora Anahy Jorge, quanto ao desenvolvimento do meu trabalho artístico,
me permitiu também pensar em possíveis desdobramentos e direcionar a minha
expressão artística.
Após
a minha conclusão do curso de Bacharelado em Artes Plásticas, pretendo
continuar minha carreira acadêmica, levando meus conhecimentos adquiridos para
os cursos de especialização e mestrado numa tentativa de aprofundá-los. Para
melhorar e adquirir mais conhecimentos na área das artes visuais, e sempre
com a mesma linha de pesquisa, envolvendo a arte como forma de representar meus
ideais e reflexões sobre a realidade. Junto a minha prática artística, pretendo
continuar a observar os trabalhadores braçais, seu cotidiano, suas ferramentas
para dai continuar minhas esculturas.
Como
é feito com as obras, Mãos em ação,
em que as mãos destes trabalhadores são registradas com o processo da moldagem
em gesso na fotografia. O gesto,
onde a enxada é colocada de forma gestual, simulando o gesto braçal que é
preciso para tal posição deste instrumento de trabalho. A obra,
em que estes moldes são colocados entre tijolos representando o corpo de cada
trabalhador como parte desta obra. O peso,
trabalho em que amarro dois baldes velhos em uma corda simulando a suspensão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Antony; Gormley, ”Bibliografia”
.Disponível em (http://www.antonygormley.com/biography ) Visitado em
26/07/2013 às 16:15
Boltanski; Christian. Bibliografia”
.Disponível em – (http://pt.wikipedia.org/wiki/Christian_Boltansk)
Visitado em 01:31 data 07/10/2013
Vik Muniz-. Bibliografia”
.Disponível em (http://pt.wikipedia.org/wiki/Vik_Muniz ) Visitado em 21/11/2013 as 2:47.
Costa; Cristina . Questões de Arte: O
belo, a percepção estética e o fazer artístico; 144 páginas-Editora Moderna-
data?
Rey; Sandra. “Por uma abordagem
metodológica da pesquisa em artes”. 07 p. 2008.
Didi-Huberman; Georges, A semelhança por
contato. Arqueologia e pegada anacronismo modernidade Paris, Editions de
Minuit, coleção "Paradox", 2008, 384 p.
Rennó Rosangela (Belo Horizonte,
1962) Visitado em-(http://www.rosangelarenno.com.br/obras/sobre/19 as
17:51 dia 02/11/2013)
Matesco; Viviane-Corpo imagem e
representação-Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed, 64 p. 2009.
Dubois, Philippe- O ato fotográfico e outros ensaios/ Philippi Dubois; tradução Marina
Appenzeller.- 14° ed.- Campinas, SP: Papirus, 2012.-(Série Ofício de Arte e
Forma).
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