O que entendo sobre Arte
durante toda minha vida, é que Arte, é a expressão subjetiva do ser humano.
Diante da ação, que exprime e expressa a forma de entender e ver o mundo. Nesta
forma de pensar, afirmo que, o meu pensar de ser artista é, que ser artista é
ser além de um expectador do mundo. Para mim, ser artista é ser um instrumento
de diálogo com o mundo.
Durante o percurso deste
portfólio, estarei definindo minha experiência de vida, e assim também minha
subjetividade sobre a produção de arte.
No decorrer deste portfólio,
mostrarei como fui me definido como uma artista produtora de imagens e formas.
Por que acredito ser uma artista produtora de imagens, e quais foram minhas
dificuldades durante o meu percurso de criação em arte.
O
diálogo da arte em minha vida
Durante
muito tempo na minha vida, defendi a arte como a produção de um produto. O Belo esteticamente defendido pela
população, de acordo com sua cultura e de acordo com os estereótipos de beleza.
Posso
mostrar retratos que produzi em minha infância, e que fazia porque me sentia
bem ao retratar estes formatos de rostos, que eram defendidos por uma sociedade
racista e superficial. Formando em mim uma artista superficial e por muito
tempo, imatura.
Artista. Marília Gidrão Artista. Marília Gidrão
Retrato de Henry Castelli Retrato de Marcelo Antony-
Técnica: desenho- 2003 Técnica:
desenho- 2003
Mas
quando comecei a conviver no ambiente acadêmico, e discutir sobre a arte, me
surpreendi com as primeiras matérias. Que justificam, justamente porque a minha forma de ver e pensar
sobre a arte, tinha sido construída desta forma. A cultura, e a sociedade, que
eu convivo sempre defendeu a beleza aristotélica em que não seria apenas algo
definido e sim contemplado. Uma beleza que eleva, e tem proporções matemáticas
definidas capazes de levar o expectador a uma sensação de constrangimento.
Tal
beleza hoje não pode ser definida como arte, mesmo porque com a chegada das ferramentas tecnológicas, o idealismo
do que é belo, deixa de ser até mesmo real, e vira algo superficial. Com o Photoshop,
e outras ferramentas da tecnologia posso até mesmo afirmar que o belo
apresentado em muitas imagens não existe, e que o ser humano esta cada dia se
distanciando mais da realidade.
A
partir daí, após minha fase de encantamento de beleza, percebi que a arte era mais do que a representação da
realidade ou um objeto de obra de arte. Percebi que arte era, uma construção de
idealismo da realidade, ou seja, a construção do meu ser social, o meu Eu .
Como me defino na
sociedade?
Como defino a sociedade?
Quem, e o que eu
defendo?
Quem, e o que eu
questiono?
Walter Benjamin
no texto “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica”, faz
apontamentos quanto às novas formas de reprodução de imagem sendo elas sempre
aperfeiçoadas, assim para que mais produções sejam feitas perdendo sua aura, o
que consiste no sentido real do produtor da imagem. Por Exemplo:
Quando
uma pintora produz um quadro de seu filho, esta primeira reprodução tem seu
sentido unitário. Sendo ele, de grande valor sentimental. Mas, a partir da hora
em que, esta mesma pintura começa a ser reproduzida em maiores proporções,
posso dizer que, os próximos donos deste produto industrializado, não sentirão
o mesmo respeito de contemplação de tal imagem. Será apenas uma imagem.
“Por
princípio a obra de arte sempre foi reprodutível. O que os homens tinham feito
sempre pôde ser imitado por homens. Tal imitação foi também exercitada por
alunos para praticarem a arte, por mestres para divulgação das obras e,
finalmente, por terceiros ávidos de lucro. Em contraposição a isto, a
reprodução técnica da obra de arte é algo de novo que se vai impondo, intermitentemente
na história, em fases muito distanciadas umas das outras, mas com crescente
intensidade.“ (BENJAMIN, Walter “ A obra de
arte na era da sua reprodutibilidade técnica” ,1936. Pág.; 02.)
DESENVOLVENDO
A ARTE COMO PENSAR
Então
minhas produções começam a ficar mais confusas e com mais questionamentos, do
que além da estética e do belo. Não sou uma artista que se utiliza, como a
própria arte, mas sim como produtora de arte. Como escultores, por exemplo, um
artista que respeito muito seu trabalho e discute as formas e matérias do mundo
com várias matérias primas, mas sempre com o pensamento ligado as formas do
corpo. Antony Gormley, um artista alemão, que já veio ao Brasil várias
vezes, expos seu trabalhos feitos em diversas matérias primas, como a argila,
aço, metal e a madeira. Todas as obras, do artista Antony Gormley, discutem as, formas do corpo humano e as relações
que o corpo tem com o próprio espaço.
Uma
de minhas obras que posso citar é a Espelhando o oculto. Trata-se,
inicialmente, do meu próprio pé moldado em gesso, o trabalho em escultura que
me fez começar a desenvolver a técnica de moldagem com gesso. Inspirou-me a
começar a fazer outros a partir da mesma metodologia em que a pesquisa está
encaminhando, junto com o ato de criar a obra. A partir da moldagem do meu
próprio corpo, que começou por esta obra, observei que a expressão do corpo
humano tem é muito sublime, com muitos detalhes que não deixa passar
despercebido. Ex: digitais, cores, texturas e expressões que contam uma
história por trás de cada traço.
A parte
material da obra possui duas caixas de madeira, a moldagem de meu pé e por
vários pregos. Tais elementos, como, o pé e os pregos constituem da
representação de um corpo por meio de espelhos que refletem a imagem no
interior da caixa. Nesse trabalho tenho o propósito de refletir realmente a
imagem de um pé ferido por pregos. O todo possui uma tentativa de colocar em
prática o que a alma sente.
Artista-
Marília Gidrão
Título Espelhando o Oculto
( Fotografia- Marília Gidrão 2012)
O
texto de Raimundo Martins “Das belas artes a cultura visual”, discute os
conceitos de arte que foram defendidos durante o decorrer da história da arte,
e coloca em discussão as questões sociais e culturais. Levando em conta uma
temática signótica, que define a arte de cada cultura e cada sociedade de forma
isolada, demonstrando que cada pessoa tem uma forma de ver e entender o mundo,
de acordo com o que entende sobre o mundo e conhece. Defendendo assim como a
cultura visual que não tem legitimidade como História da Arte, História, Literatura,
antropologia, sociologia, ou seja, de acordo com a sua cultura e sociedade
contribuiu para as Ciências Humanas. Um evento citado para exemplificar, foi o
Fórum das Culturas, que em 2004 fez om que diferentes etnias, nacionalidades e
crenças se unissem em Barcelona. Apresentações, de vários estilos de danças
aconteceram em contraste com vídeos pré-gravados.
“A arte ensina justamente a desaprender os princípios das obviedades que
são atribuídas aos objetos, às coisas. Ela parece esmiuçar o funcionamento dos
processos da vida, desafiando-os, criando para novas possibilidades. A arte pede
um olhar curioso, livre de “pré-conceitos”, mas repleto de atenção. Mas, ao
mesmo tempo em que se nutre da subjetividade, há outra importante parcela da
compreensão da arte que é constituída de conhecimento objetivo envolvendo a
história da arte e da vida, para que com esse material seja possível
estabelecer um grande número de relações. Assim, a fim de contar essa história
de modo potente, efetivo, a arte precisa ser repleta de verdade. Precisa conter
o espírito do tempo, refletir visão, pensamento, sentimento de pessoas, tempos
e espaços.”(CANTON, Katia. Do moderno ao
contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes 2009. Págs.12 e 13)
QUAL
É A MINHA INQUIETUDE NA A CRISE DA ARTE
O
vídeo, Crise da arte apresentado no programa Café Filosófico com
Viviane Mosé, começa a partir das obras e trabalhos dos artistas,
Enrique Dias e Marco Chaves. Cada artista apresenta o desenvolvimento dos
trabalhos, e discutem após a apresentação as questões contemporâneas das
representações artísticas e assim a filosofa, Viviane Mosé, conclui com
questionamentos da crise da arte. Questões tecnológicas e potenciais.
Quando
a arte deixa de ser representativa e passa a ser potencial. Uma arte potencial
é definida a partir e da intenção do artista. Onde a subjetividade do artista
não é descartada, e o seu diferencial é apresentado a partir da poética. Onde o
desenvolvimento faz parte do processo de produção e conclusão da obra, segundo Sandra
Rey no texto, “Por uma abordagem metodológica de
pesquisa em artes”.
“A
pesquisa em poïética visuais apoia-se no conjunto de estudos que abordam a obra
do ponto de vista de sua instauração, no modo de existência da obra se fazendo.
O objeto da Poïética como mencionou anteriormente, não se constitui pelo
conjunto de efeitos de uma obra percebida, não é a obra acabada, nem a obra por
fazer: é a obra se fazendo. (REY, Sandra - 2008, Página 07. Por uma
abordagem metodológica de pesquisa em artes” ) .
Quanto
o minha opinião, o que é o discurso da filosofa Viviane Mosé, posso afirmar que a minha potencia dentro deste
discurso sobre a arte, está voltada para o ser humano. A arte como expressão e
comunicação do meu consciente para as questões do fazer, estar, olhar e sentir.
Um
de meus trabalhos, que estão mostrando muito bem sobre esta forma sinestésica
de uma obra, é a Mãos em ação. Feita com blocos de gesso, a impressão das mãos
de três pedreiros em um bloco de gesso, dialoga tanto no ato da impressão
quanto na própria obra já pronta, onde a marca do gesto da impressão apresenta
uma obra temporal. Onde o início o meio e o fim fazem parte da conclusão da
obra.
Artista- Marília Gidrão
Título- Mãos em ação
(Fotografia- Luana Carvalho; 2013)
Posso
citar a partir daí um trecho do texto de Luigi Pareyson, em
que ele cita a produção de arte como formatividade.
“Muito oportunamente, portanto, a
primeira concepção chama a atenção sobre o fazer,
isto é, sobre o fato de que o aspecto essencial da arte é o produtivo,
realizativo, executivo. Isto diz respeito não somente ao mundo da técnica, da fabricação,
dos ofícios, onde o “fazer” tem um aspecto manual e fabril, mas só evidente,
mas diz também respeito às atividades propriamente espirituais, onde este
aspecto vistoso não existe como pensar e agir. Também no pensamento e na ação
não é possível “operar” sem “fazer”, isto é, sem cumprir, executar, produzir,
realizar raciocínios e ações, produzir obras especulativas e obras morais,
realizar valores teóricos e valores éticos.” (PAREYSON, Luigi. Os
Problemas Da Estética. Martins Fontes, São Paulo. 2011. Pág., 25)
Este
trecho define bem o que procuro como produtora de arte e como artista plástica,
mostrar além de uma imagem, fazer mais que um objeto, transformar uma afirmação
(.) em um ponto de interrogação (?).
Artista: Marilia Gidrão
Artista Marília Gidrão
Artista: Marília Gidrão
Estes últimos trabalhos,
foram feitos em momentos de reflexão em que meus questionamentos sobre fatos da
vida vieram mais átona. Eu como ser humana e produtora de arte, sempre levei
para meu lado sensível as produções de imagens sendo elas por meios tecnológicos
como Photoshop ou sendo por meio de
desenhos manuais. Os trabalhos em que utilizei a imagem da cantora Sandy como modelo, foram feitas como
forma de reivindicação ao direito de liberdade de expressão. O momento em que a
mídia pressionou-a muito, criando muitos expondo sua imagem de forma
distorcida. Resolvi colocar meu lado artístico, como forma de manifesto e
questionando apenas pela imagem o que estava acontecendo naquele momento na
vida desta pessoa pública.
O “Homem de pedra” foi feito
em uma faze de questionamento estético em minha vida, quando percebi que o belo
em que acreditava , na verdade era apenas uma imagem formada que construí de
acordo com a sociedade em que estava vivendo. Este “Homem de pedra” era na
verdade, o retrato da minha alma e o que meu espirito que deveria aparentar ser
tão forte, sentia de verdade naquele momento.
Bibliografia
Rey, Sandra. “Por uma abordagem
metodológica da pesquisa em artes”. Pág. 07. 2008.
MARTINS, Raimundo. “Das belas artes a cultura visual”.
CANTON, Katia. Do moderno ao contemporâneo. São Paulo:
Martins Fontes 2009. (Págs.12 e 13)
- [Coleção temas da
arte contemporânea] ISBN 97-85-7827-223-4 Arte contemporânea I. Título. II.
Série. 09-11853 CDD- 709.
Walter Benjamin “ A obra de
arte na era da sua reprodutibilidade técnica” ,1936. Pág; 02.
Vídeo - Viviane Mosé- Programa (Café filosófico)- Tema, “A Crise da Arte”,
2013.
PAREYSON, Luigi. Três
Definições tradicionais: a arte como fazer, como conhecer ou como exprimir. In:
Os Problemas Da Estética. Martins Fontes, São Paulo. 2011. Pgs. 23 a 54.
Histórico
de Imagens
Pesquisas:
https://www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=x1CrU82jBqqj8wemloDQCw&gws_rd=ssl
(estereótipos
de beleza)
GORMLEY, Antony.
”Bibliografia” .Disponível em (http://www.antonygormley.com/biography
) Visitado em 12/06/2014 às 16:15
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